Sem título
Oi!

Você achou que eu havia me esquecido de colocar título neste post, não é? Ando tão distraída, que poderia até ser. Só que não! Sem título é, de fato, o título do livro de Herve Tullet, publicado pela Cia das Letras.

O título pode até ser estranho para muitas pessoas, afinal de contas, todo livro que se preze deveria ter um título. Entretanto, foi esse título, assim meio sem título, que me chamou atenção na livraria.
Como o livro estava lacrado, não consegui lê-lo lá. A minha curiosidade aumentou ainda mais quando li, na contracapa, que os personagens não estavam totalmente prontos, o autor ainda estava trabalhando em seu projeto. Daí entendi o motivo de o livro ter esse nome.

Logo na primeira página, como se fosse um rascunho numa folha branca, o leitor encontra dois descontraídos personagens, um porquinho rosa e uma fadinha azul, brincando de bola.

Quando percebem a presença do leitor, ficam apavorados e chamam os demais personagens.


Como o livro ainda não estava pronto. Tudo parecia muito bagunçado, o homem-palito dá a ideia de improvisarem uma paisagem para o livro ficar mais ajeitadinho.

Mas só uma paisagem não salva um livro. O que o leitor quer é uma boa história. Todos começam a pensar em como vão construir às pressas uma narrativa. O cachorro se lembra dos personagens maus. E todos resolvem chamar um vilão, afinal de contas, na história tradicional, sempre há um.

E o vilão chega rapidinho:

Mas ainda não dá certo, todos percebem que não basta jogar um vilão no livro para se ter uma boa história. Recorrem, portanto, ao autor. Só ele, com seu trabalho, poderia salvar o livro.

E olha o susto dele ao ver o leitor. Ele estava trabalhando em seu projeto, por isso não existia ainda uma história pronta.

Herve Tullet até chega a improvisar uma história, mas ela é bem ruinzinha. Nem os próprios personagens gostam dela. Afinal, não se constrói uma narrativa de uma hora para a outra. Na cabeça do autor perambulam fragmentos de histórias, imagens, personagens, lembranças, canções... mas até escolher e organizar, no papel, todas as ideias de sua cabeça demora um tempo.
O autor pede para todos os leitores saírem dos bastidores do livro e só voltarem quando seu livro estiver totalmente pronto.
Como mãe e professora, acredito que este livro seja perfeito para mostrar às crianças os bastidores do livro. Sei que toda criança tem interesse em desmontar brinquedos para saber o que tem dentro dele, como funcionam. Este livro figura como um brinquedo desmontado diante do pequeno leitor. Sem título, a meu ver, está pronto para levar a criança a perceber o funcionamento da narrativa. Ao mesmo tempo, põe em foco uma figura tão importante no ato de ler: o leitor.
Indico-o de olhos fechados!
Boa Leitura!
Regiane Boainain