Nuno e as coisas incríveis
Nuno e eu

Quando escrevo, não “penso o mundo” em forma de palavras... Imagens me surgem em espontânea dança, soprando ares de vida...
Nunca tive a pretensão de ser escritora, mas rabisco algumas coisinhas aqui ou acolá... Só pra arejar a alma...
Quando li “Nuno e as coisas incríveis”, de André Neves, editora Jujuba, pude compreender a angústia de um garotinho que também vê o mundo por imagens.

Digo angústia, porque nem sempre há um olhar terno para o nosso estilo de ver a vida. E Nuno sentia a vida pelos olhos, mas a ressignificava pelos seus desenhos.
Livremente, Nuno se equilibrava nos fios de sua imaginação.

Nuno sofria de “uma certa disfunção lírica”, como dizia Manoel de Barros, pois encontrava inspiração em lugares, muitas vezes, “não lugares” para tantas pessoas.

Um dia, Nuno encontrou Nina, uma garotinha que adorava escrever... Um encontro de pura poesia...

Mas Nina não possuía o terno olhar para as coisas incríveis de Nuno, não entendia a imagem como um elemento de arte dentro de sua concepção estética.
Ela não entendia que a palavra e a imagem são ferramentas agregadoras à abertura de tantas portas libertadoras, consagradas pela arte.

Recomendo aos professores e aos pais, que tiverem condições de ler com as crianças, instigarem uma reflexão sobre a importância do papel da imagem e da escrita dentro de uma obra.
A palavra consagra o ideal estético da escritura, mas a imagem extrapola aquilo o que a palavra não dá conta de dizer...
Quantas palavras nós inventamos por que não achamos um sentido adequado para transmitir aquilo o que sentimos? A imagem dá conta disso. Nuno pode se sentir feliz. Obrigada, André Neves.