Dicas de livros + atividades para ler e brincar com as crianças o dia do livro e nos outros também
Ontem, foi dia do livro. Para quem me acompanha nas redes sociais, viu que postei um texto explicando o motivo do dia 2 de abril ter sido escolhido para ser o dia internacional do livro. Se você não me segue ou não viu, a data foi escolhida em razão de ter sido nesse dia, em 1805, o nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, considerado o pai do conto de fadas moderno. Se você não é da área.e não sabe quem é esse tal de Andersen, vou citar alguns contos dele que, certamente, fizeram parte de sua infância: “A pequena sereia”, “O patinho feio”, O soldadinho de chumbo", "A rainha da neve", "A pequena vendedora de fósforos" e "A roupa nova do imperador".
Lembrou?
Aproveite o dia, em pleno fim de semana, escolha um livro bem bacana e leia para sua criança. Ah! Não tem ideia do que ler? Segue uma lista de 7 livros que fiz para o site Porvir que pode ser uma mãozinha na hora de escolher um bom livro..

Claro, Cleusa. Claro, Clovis

Raquel Matsushita (2017, Editora do Brasil)
A autora e ilustradora Raquel Matsushita traz a história de duas formas geométricas, ou melhor, dois amigos que se completam, perfeitamente, a ponto de não abrirem espaço para mais ninguém. Mas um dia, Clóvis falta à escola e Cleusa se vê sozinha. Estaria ela mesma sozinha? Haveria abertura para fazer uma nova amizade? Como será o dia seguinte quando Clóvis voltar à escola?
Sugestão de brincadeira: Que tal, após a leitura e a conversa sobre essa obra cativante, brincar de produzir imagens usando apenas recortes com formas geométricas? A proposta é a criança produzir narrativas visuais, inspiradas nessas personagens, expressando, assim, aquilo que às vezes as palavras não conseguem dizer. A atividade é um convite para experimentar novas amizades e outras linguagens.
O coração de plástico

Lido Loschi e Anita Prades (2020, ÔZé)
Esta obra de Lido Loschi e Anita Prades traz as indagações de um grupo de crianças diante da cirurgia cardíaca da tia. O que acontece quando alguém troca o coração? As memórias afetivas e os sentimentos vão embora com a retirada do órgão? O que será que cabe dentro de nós? As respostas “pueris” a tais perguntas dão o tom poético a esse livro tão sensível.
Sugestão de brincadeira: Após a leitura com os alunos, é hora de conversar sobre os afetos que cabem no peito. Este momento pode ocorrer de maneira lúdica a partir do preenchimento de um “coração” (que tal um balão?) com memórias das crianças. A proposta é cuidar dos nossos sentimentos e dos outros.
Às vezes

Claudia Rueda (2013, Pensarte)
“Às vezes cai uma tempestade e não te molha e outras, uma brisa te derruba”. Essa dualidade, que marca o humano, é o mote da bela obra de Claudia Rueda. Que tal uma conversa sobre os sentimentos antagônicos que nos tomam e não são específicos de um único ser, mas de todos?
Sugestão para a aula: Sugere-se entregar aos alunos uma folha com duas molduras de espelho, a exemplo do próprio livro, e pedir para que eles escrevam um par de frases, seguido de uma ilustração dos sentimentos opostos que já experimentaram. Não há necessidade de identificação. A proposta é que os estudantes possam expressar o que estão sentindo e depois compartilhar com a turma a partir de uma exposição das produções no mural da sala de aula. Ao olharem para dentro e depois para as produções dos colegas, os alunos têm a oportunidade de se enxergarem como sujeitos que, às vezes, estão assim, mas, às vezes, estão de outro jeito.
Olavo

Odilon Moraes (2018, Jujuba)
O belíssimo livro ilustrado por Odilon Moraes traz a história de um menino triste que, certa vez, é surpreendido por algo que o arrebata. Aquela alegria desprevenida muda a ordem do dia e uma fresta de felicidade sorri no semblante tristonho de Olavo. Mas um desassossego o tira da plenitude de um instante feliz e o garoto se vê novamente tomado pela tristeza. Mas, do lado de lá, alguém repara e prepara outras alegrias para ele. O que será?
Sugestão para a aula: A obra possibilita uma boa conversa com os alunos sobre ser/estar triste e ser/estar feliz. Após refletir sobre isso, os alunos podem também escrever e/ou desenhar um presente, uma coisinha à toa, capaz de ofertar um instante feliz ao colega.

Cecília Meireles (2010, Global)
Escrito por Cecília Meireles e ilustrado por Elma, esta é uma terna obra poética que apresenta o desejo do menino azul em ter um bichinho. Não um gato, nem um cachorro. Mas um burrinho, que saiba conversar, inventar histórias e passear pelo mundo! Ao fim do poema, o leitor se depara com uma espécie de convite à interação: “(QUEM SOUBER DE UM BURRINHO DESSES, / PODE ESCREVER / PARA A RUA DAS CASAS, / NÚMERO DAS PORTAS, / AO MENINO AZUL QUE NÃO SABE LER)”.
Sugestão para a aula: Com o intuito de entrar no jogo lúdico do livro, propõe-se que os alunos façam cartinhas em uma linguagem que a personagem consiga entender, avisando ao menino azul sobre a existência de um burrico que possa lhe ser companheiro. Como será esse burrinho? A proposta é exercitar a empatia, o cuidado e a gentileza com o outro.
Achados e perdidos
Oliver Jeffers (2011, Salamandra)

Este livro de Oliver Jeffers conta a saga de um menino que tenta ajudar um pinguim tristonho a voltar para casa. O esforço do garotinho para lhe devolver a alegria de viver o faz chegar ao Pólo Sul. Contudo, quando ele, de fato, consegue deixar a ave aquática em segurança no seu habitat natural, percebe que o pinguim estava ainda mais triste. Mas por quê? Teria a criança, então, cometido algum erro? Será que a tristeza inicial era mesmo porque estava perdido? Por meio da leitura, é possível refletir sobre o quanto o tempo passado juntos fez nascer uma grande amizade e, portanto, já não era mais possível ficarem separados.
Sugestão para a aula: Com o objetivo de afinar os vínculos entre os alunos, propõe-se que as crianças participem de uma espécie de amigo secreto, em que cada uma escreve ou desenha contando um pouco sobre isso (o que gosta, como vive etc.), mas sem dizer quem é. Então, após a troca dos papeizinhos, o colega precisa adivinhar de quem se trata. A proposta é (re)conhecer o outro, oportunizando aproximações entre aqueles que estavam distantes.
Obrigado

André Neves (2020, Pulo do Gato)
Quando é que dizemos obrigado? Por que fazemos isso? André Neves, neste belíssimo livro de poemas ilustrados, cria uma obra–homenagem-agradecimento aos autores que fundam a nossa tradição poética: Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, João Cabral, Hilda Hilst, Cora Coralina, Patativa do Assaré, Manoel de Barros, entre outros.
Sugestão para a aula: Acreditando que ler poesia com os alunos é também uma forma de acolher, propõe-se um momento despretensioso, sem aquele faça isso ou faça aquilo, para que seja experimentada a delicadeza das palavras e das imagens presentes na obra em questão. A proposta é não só promover o acesso a uma produção de altíssima qualidade literária, que dialoga com tantas outras, mas garantir situações leitoras de puro deleite, pois a literatura é um direito humano que jamais pode ser negligenciado, como bem lembra o crítico literário Antonio Candido.
Exercícios para a imaginação

Tiago de Melo Andrade (2020, Melhoramentos)
“A imaginação tem o condão de mudar o mundo e nos levar também a outros mais”. Por acreditar tanto na força que a imaginação tem na vida das pessoas, Tiago de Melo Andrade constrói um incrível livro-atividade que convida o leitor a se divertir com brinquedos imaginários, a fantasiar olhos e bocas nos objetos de casa, a rememorar momentos felizes, a lembrar das sensações que uma chuva provoca, a conhecer uma receita de borboletas… Todos esses exercícios criativos garantem a manutenção de um veio poético, que alimenta a natureza humana.
Sugestão para a aula: A proposta é que os alunos, a partir da leitura interativa, brinquem de imaginar, pois acolher é também deixar a criatividade livre para vivenciar todo o seu estado de infância.
Fico por aqui!
Um bj!!!
Regiane